Registro de registros, Rafael Soares
![]() | <> As lentes de Rafael captam minuciosamente caixas de hidrômetros, mostrando que o padrão construído em escala industrial sofre ações do tempo, que provocam modificações contrárias à fabricação seriada. Portas amassadas, cadeados e grades enferrujadas, plantas que nascem entre as ferragens e até gravuras pregadas nos registros, sob o clique do artista, viram arte. Até as caixas de leituras somente utilizadas pelos anônimos ganham nova conotação. “Alguns bem cuidados, decorados, por exemplo, com pastilhas de vidros, outros nem tanto, mas sempre mostrando a identidade das casas. São detalhes que de tão pequenos raramente são vistos com um olhar apurado”, diz o artista. A ideia de fotografar hidrômetros surgiu quando Rafael participou da oficina Intervenções Urbanas, no Festival de Inverno de Diamantina, em 2006. “Precisávamos fotografar detalhes da cidade. Então pensei: porque não fotografar os registros de água, algo que todos temos em casa, mas que muitas vezes não percebemos?”, explica Rafael. Na época, o artista percorreu o centro da cidade histórica, onde as caixas de hidrômetros ainda permanecem instaladas nas portas das casas. “Hoje quase não as vemos. Estão escondidas, no interior das residências. Mas em Diamantina essa característica ainda é marcante, principalmente nas construções antigas, o que me despertou minha atenção”, lembra. Rafael também fotografou em Conselheiro Lafaiete, cidade onde moram seus familiares. Ele conta que a princípio a ideia era apenas fotografar as peças, sem a intenção de reuni-las em uma exposição de arte. Porém, há dois anos, se atentou para a beleza e a sutileza das imagens provocadas nas fotografias e para a possibilidade de colocar a tona objetos que passam despercebidos aos olhos das pessoas. “Já trabalho com montagem de exposições há algum tempo e sempre busco um diferencial, uma inovação. Nesta mostra procuro recuperar a ação de uma história atropelada pela reprodutibilidade técnica”, diz Rafael. As fotografias serão expostas em uma estrutura especial, no formato de um cubo, montada no centro da galeria. Rafael explica que a proposta é promover um jogo de interatividade com o visitante e transformar as imagens em um grande objeto. Chamar o espectador para um juízo estético, a partir de um intrigado geométrico de imagens. “Ao circular pelo cubo as pessoas verão as obras simultaneamente. O grande quadrado no centro da galeria será a obra em si. Em uma exposição, é preciso compor as peças com o espaço”, explica. Para Rafael as mostras artísticas de hoje são muito conceituais, sendo necessário conhecer a vida do artista para compreender suas obras. Ele explica que foge desse paradigma e denomina seu trabalho como de fácil associação. “Minhas obras dizem tudo por elas mesmas”, brinca. Sobre o artista |
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