Chuá virtual da Copasa: Qualidade de Vida e Preservação de Mananciais
Com vários sotaques e uma mesma preocupação - proteger o meio ambiente - estudantes de nove escolas públicas (municipais e estaduais), de 10 a 15 anos, foram os conferencistas do webinar “Fórum Escolar para Qualidade de Vida e Preservação de Mananciais”, promovido, no dia 24 de novembro de 2020, pelo Programa Chuá de Educação Sanitária e Ambiental da Copasa. Em mais de uma hora e meia de duração, as apresentações foram mediadas pelo superintendente de Desenvolvimento Ambiental da Copasa, Nelson Cunha Guimarães, e pela coordenadora do Programa, Tereza Bernardes.
Com apenas 10 anos, a aluna Yara de Sousa Rodrigues, do 5º ano da Escola Estadual Dôra Barbosa, destacou que, antes do Encontro Chuá Virtual - Projeto Piloto de Educação Ambiental Cidadã, ela não sabia que em sua cidade havia tantos agentes de transformação. Yara descreveu as pequenas e as grandes ações que essas pessoas - vizinhos, amigos ou conhecidos - já fazem para proteger o município de São João do Paraíso, onde nasceu.
Para completar sua fala, a jovem conferencista, deixando a timidez de lado, declamou um poema de sua autoria “Rio Verde”, em homenagem ao Dia do Rio. Com a pureza de sua infância, Yara descreve como era o rio e o como ele está agora depois da ação do homem: “sem o chuá das águas e o cantarolar dos passarinhos”. Mas, confiante nas pequenas e nas grandes ações dos agentes transformadores que conhece, ela agradeceu ao seu professor Marlúcio e à Copasa pelos encontros virtuais e pela oportunidade de ter adquirido tantos novos conhecimentos.
Da cidade de Timóteo, a conferencista foi a estudante Maria Eduarda Fernandes de Souza, do 6º ano da Escola Estadual Ana Letro Starks. Orgulhosa e confiante nas ações que os pais desenvolvem plantando, fazendo coleta seletiva e reaproveitamento do lixo, ela garante que já tem mais de 100 espécies de plantas frutíferas – acerola, manga, romã e de decoração, como orquídeas e suculentas, que, além de deixarem a casa mais bonita, contribuem para a melhoria da qualidade do ar. Para os adultos que não se preocupam com o meio ambiente, Duda, como é carinhosamente chamada, pergunta: se gostam tanto de crianças, por que roubam o futuro delas?
No 6º ano da Escola Estadual Feliciano Miguel Abdala, Ryan Elias Fernandes Teixeira, de Caratinga, levou para o webinar sua preocupação com a queima do lixo no sítio Boa Vista, de seu avô. Depois dos encontros virtuais e preocupado com a cinza tóxica que poderia destruir o solo, ele sugeriu ao avô que fosse feita a separação do lixo. Em um saco, eles colocam o material reciclável. Em outro, eles juntam o lixo orgânico, que é transformado em adubo para as plantações. Para o material que não pode ser reciclado, foi construído um local na estrada do sítio onde o caminhão de lixo passa e o recolhe.
O jovem conferencista da Alpinópolis, Victor Moraes Silva, do 6º ano do Colégio Albertino Gonçalves dos Reis, falou da proteção e da recuperação da gruta da sua cidade. Seu colega do Instituto Educacional Padre Ubirajara Cabral (IEPUC), José Augusto Santos Esteves, da mesma cidade, destacou como a escola se tornou um agente de transformação.
De São João Nepomuceno, a estudante Manuella Passe de Souza Braga, do 7º ando da Escola Municipal Dr. Péricles Vieira de Mendonça, escreveu e leu o poema “A água é minha amiga”.
A jovem conferencista Letícia Emanuele de Siqueira Silva, do 8º ano da Escola Municipal Professora Nilce Moreira, em Conselheiro Lafaiete, destacou que sua escola participa do projeto Lacre do Bem e que já conseguiram doar três cadeiras de roda. A mãe de Letícia, Simone, destacou a importância do Encontro Chuá Virtual para os alunos.
De Taiobeiras, a estudante do 8º ano da Escola Estadual Presidente Tancredo Neves, Mirella Corrêa Fernandes Vicente, falou da importância das matas ciliares para proteger os rios e impedir o desabastecimento nas cidades.
Já da Escola Estadual Barra do Cedro, em Teófilo Otoni, Maria Luiza Pereira do Nascimento lembrou as dificuldades com a internet. Apesar dos problemas, a falta de conexão não a impediu de participar das discussões.
Educação ambiental
Na abertura do webinar, Nelson Guimarães ressaltou que, em 30 anos, o Programa Chuá de Educação Sanitária e Ambiental já chegou a mais de um milhão de estudantes em todo o Estado, levando informações sobre as ações de saneamento da Copasa e promovendo visitas monitoradas às Estações de Tratamento de Água e Esgoto (ETAs e ETEs), com uma proposta pedagógica voltada para a proteção e a preservação de mananciais como a iniciativa do Chuá Socioambiental.
Desde então, segundo o superintendente, 150 escolas já receberam o Selo Chuá Escola Amiga do Meio Ambiente nesse período. Em 2018, a Copasa iniciou o Projeto de Arte nas Escolas, com uma leitura poética sobre o entendimento do passado, do presente e do futuro das águas e a criação de murais artísticos que representam o vivido das águas em vários municípios. Tereza Bernardes ressaltou o momento de extrema delicadeza em relação à interação social diante dos riscos e cuidados inerentes à pandemia do coronavírus neste ano de 2020. Isso resultou no cancelamento das aulas presenciais nas escolas.
Segundo ela, “sabemos que a desigualdade digital vem prejudicando demais o desenvolvimento de atividades educativas formais na maior parte das escolas, principalmente públicas, de diversos municípios e comunidades, mas estamos percebendo também que, em muitos casos, é na gestão das escolas que estão sendo estabelecidas as condições básicas de acesso dos estudantes para que eles possam manter as interações necessárias”.
Tereza Bernardes disse que o webinar é dedicado a milhares de estudantes “que não tiveram a condição de acesso digital para presenciarem suas aulas virtuais no ano de 2020 e ao empenho de professores que cumprem sua missão de educadores, que se reinventam e criam maneiras distintas de interação para o envolvimento de seus alunos por plataformas virtuais”. A coordenadora explicou que, no mês de junho, “foi iniciada essa jornada de construção de um projeto-piloto para trabalhar o Programa Chuá em modo virtual. A primeira etapa do projeto foi constituir o Grupo Colaborativo, composto por 15 profissionais que optaram pela continuidade do trabalho de educação ambiental junto às escolas públicas e privadas de Ensino Fundamental.
Tereza Bernardes explicou que o grupo colaborativo saiu em uma busca ativa por escolas que fazem parte do referencial do programa: estar próxima ao território da bacia hidrográfica do manancial de abastecimento; ser de ensino fundamental II (5º ao 9º ano); e estar em município de concessão da Copasa. A coordenadora explicou que os componentes do grupo colaborativo que integram o projeto-piloto Encontro Chuá Virtual são trabalhadores do saneamento da Copasa e para a educação ambiental.
Metodologia desenvolvida
O Encontro Chuá Virtual – dá árvore ao rio – duraram dois meses e tiveram a participação de nove escolas. Em cada encontro, que variou de 50 a 120 minutos, com a participação média de 28 estudantes, tinha um novo tema abordado. Os trabalhos começaram no Dia da Árvore (21/09) e foram concluídos no Dia do Rio (24/11), por isso foram denominados “Da Árvore ao Rio”.
Orientação pedagógica
A orientação pedagógica dos encontros foi a água de beber. Foram realizados três diálogos interativos por escola: mananciais; saneamento, educação sanitária e ambiental; e agentes de transformação. O desenvolvimento da oficina do Futuro foi realizado na fase Lamentos e a Árvore da Esperança.
Em seguida, na oficina de Produção de notícias “Eu Reporter”, os estudantes tiveram espaço para dar seus depoimentos. Nesse momento, cada sala elegeu um jovem conferencista para representá-la no webinar “Fórum Escolar para Qualidade de Vida e Preservação de Mananciais”.
Nos encontros dos estudantes das escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foram realizadas caravanas virtuais e feitas uma trilha interpretativa na reserva de proteção da Copasa, no Centro de Educação Ambiental – Ceam Barreiro, em Belo Horizonte. Nessa viagem virtual, os estudantes percorreram as áreas do manancial, visitaram a Estação de Tratamento de Água (ETA) e discutiam sobre os componentes do saneamento básico, aprendendo como é fundamental o saneamento ambiental para cidades sustentáveis.
Já pelo interior do Estado, as atividades foram compostas pelos Diálogos Interativos, Oficinas do Futuro, visita a uma área de captação de água e dinâmicas lúdicas.
Outras experiências
Na perspectiva do olhar para a cultura da paz global, preconizado na Carta da Terra e baseado nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS da Organização das Nações Unidas (ONU), discutiu-se sobre a sustentabilidade e o que é ser um agente de transformação. Juntos, professores, coordenadores, técnicos da Copasa e estudantes buscaram pessoas que já trabalhavam com essa questão social e ambiental.
Tereza Bernardes destacou que a Copasa, por meio da Unidade de Serviços de Controle Ambiental (USCA), trabalha três experiências exitosas que merecem serem destacadas como agentes de transformação: a Cooperação técnica com Arroxim, que, só em 2019, atuou em 13 escolas da rede municipal de Belo Horizonte, arrecadando mais de 27 mil litros de óleo usado de cozinha.
Essa cooperação técnica da Copasa com a Arroxim integra o Programa do Instituto Bioplanet Brasil, que será premiado pela ONU agora no dia 11 de dezembro. Esse instituto é uma ONG fundada com o objetivo de incentivar a formação de arranjos produtivos locais para a coleta e a transformação do óleo de cozinha usado em biocombustível.
Outra iniciativa é a parceria com a Associação Lacre do Bem. Desde 2016, vem mobilizando os empregados da Copasa para a coleta de lacres de refrigerantes que já resultou na doação de 79 cadeiras de rodas para pessoas com deficiência física ou entidades filantrópicas.
Segundo Tereza Bernardes, a Associação Lacre do Bem é considerada um agente de transformação pela missão de “promover pela reciclagem a inclusão de pessoas com deficiência física, nos diversos setores da sociedade, com o propósito de impulsionar a reciclagem, ampliando o acesso à melhoria da qualidade de vida”. Todos os estudantes reconheceram esse importante papel da associação.
E a terceira experiência da Companhia é o Pró-Manciais. Esse programa, desenvolvido pela Copasa desde 2017, já investiu R$ 37 milhões de reais para proteger e recuperar as microbacias hidrográficas e as áreas de recarga dos aquíferos dos mananciais. Por meio da mobilização da comunidade e do estabelecimento de parcerias, com ações que visam à melhoria da qualidade e da quantidade das águas, já contabiliza 224 municípios em sua carteira ambiental, com os seguintes benefícios: cercamento de mais de um milhão de metros de áreas de proteção permanente, construção de mais de 1.000 barraginhas de contenção de água de chuva e implantação de 69 quilômetros de terraceamento em curva de nível.
Pelo Pró-Mananciais, também já foram construídos mais de 200 aceiros para conter queimadas; está em implantação, por meio de convênio, três viveiros de produção de mudas de árvores de espécies nativas, além da implantação de uma unidade agroflorestal, tanques de evapotranspiração e oficina de captação de água de chuva.
Com a mobilização para educação ambiental, foram formados 170 Coletivos de Meio Ambiente (Colmeias), realizadas 193 oficinas técnicas, 118 capacitações e curso de formação de pesquisa ação participativa. Foram implantados três centros de educação ambiental no Estado nas cidades de Teófilo Otoni, Patos de Minas e Esmeraldas. Ao conhecerem essas ações da Copasa, os estudantes consideram o Pró-Mananciais um grande programa agente de transformação em Minas Gerais.