Um convênio assinado entre o Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas) e a Copasa garantiu água tratada de qualidade na reserva indígena dos Krenaks, no município de Resplendor, 470 quilômetros ao nordeste de Belo Horizonte. A reserva de 4 mil hectares de terra recebeu um sistema de captação, tratamento, armazenamento e distribuição de água para todas as 40 famílias ali residentes.
Segundo José Maurício Resende, gerente da Divisão de Gerenciamento de Obras do Interior (DVGI), da Copasa, foram implantados no local 15 quilômetros de redes de distribuição, inclusive com travessia aérea sobre o rio Doce, e construído um reservatório com capacidade para armazenar 50 mil litros de água.
Parte do material usado - os tubos, cerca de 6.500 metros - foi doado pela FUNASA - Fundação Nacional de Saúde, órgão ligado ao Governo Federal. A água captada é mineral, da mesma fonte onde é engarrafada a Água Mineral Krenak. O líder indígena Aílton Krenak lembra que a empresa, dona do direito de lavra da fonte, permitiu, por intermédio de seu presidente, Valdir Cher, que a água fosse captada e que 14 quilômetros de rede fossem instalados em suas terras.
O dinheiro para as obras não poderia ter vindo de fonte melhor. O valor de R$ 186 mil refere-se a uma autuação feita pelo Ministério Público de Minas Gerais a uma empresa que desrespeitou normas ambientais.
História - Os 200 krenaks ainda se valem das águas do Rio Doce para as suas diversas necessidades. Para eles, o Watu (Rio Doce em língua Krenak) é como um membro da família. O rio é parte da história dos índios e a luta para que a reserva fosse beneficiada durou cinco anos.
Com a poluição do rio, acentuada nos últimos 30 anos, a vida dessa comunidade indígena virou um tormento. Romper a barreira dos primeiros cinco anos de idade virou uma olimpíada. Poucas crianças conseguiam transpô-la. “Nossas crianças estavam morrendo de diarréia, provocada pela poluição do rio Doce. Doenças de pele eram freqüentes, devido à contaminação da água por agrotóxicos e metais pesados”, atesta o índio Ailton Krenak, hoje um respeitado assessor do governador mineiro assuntos indígenas. Eles continuam vivendo da pesca, do artesanato, da agricultura de subsistência e da criação de animais em pequena escala como vacas, porcos e galinhas.
Festa e orações - A expectativa na Aldeia era grande. “Faz 24 anos que moramos nesta reserva sem água tratada e sujeitos a todo tipo de doença, já que nossa fonte sempre foi o Watu. Essa foi uma grande conquista nossa. Para nossa saúde será uma benção”, diz um dos líderes, Rondon Krenak, 33 anos, 3 filhos. “Vamos colocar a kren (cabeça) na nak (terra), rezar e agradecer aos nossos deuses por esta obra da Copasa”, entusiasma-se Rondon.