As políticas públicas de prevenção ao álcool e às drogas no meio universitário, os custos sócio-econômicos decorrentes desse problema e as experiências comprovadamente de sucesso nortearam as discussões do I Simpósio de Prevenção da Dependência Química em Instituições de Ensino Superior, realizado nesta 6a feira, 13.05, no auditório da sede da Copasa, em Belo Horizonte. O simpósio reuniu cerca de 200 profissionais e especialistas sobre o assunto. As palestras, mesas-redondas e workshops destacaram a importância de projetos de prevenção ao uso de drogas no ambiente acadêmico.
Segundo os participantes, além da propaganda e da falta de uma política nacional de prevenção, outros motivos colaboram para essa incidência. Uma delas é a alegação do jovem de que a universidade é um ritual de passagem, uma fase antes dele assumir as responsabilidades da vida profissional. O professor e vereador Elias Murad, presente ao evento, relembrou um estudo elaborado há 30 anos sobre o tema. “Naquela época, verificou-se que aproximadamente 16% dos estudantes usavam drogas“, disse. Para a presidente da Associação Brasileira de Estudos sobre o Álcool e Outras Drogas (Abead), Ana Cecília Petta Marques, “esse cenário verificado pela pesquisa não mudou muito e o assunto não é muito desenvolvido no Brasil”.
Murad relatou, também, uma pesquisa de um instituto alemão sobre a expectativa de vida do brasileiro. Segundo a pesquisa, ela subiu em todas as faixas etárias, com exceção daquela que vai dos 14 aos 24 anos. “A pesquisa diagnosticava que era em consequência do álcool, drogas e da violência. E a última causa estava ligada às duas primeiras”, disse.
De acordo com Cloves Eduardo Benevides, subsecretário Antidrogas da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes de Minas Gerais - Sedese, o evento era a oportunidade de ampliar as idéias e sistematizar as ações. “Já estamos alinhados do ponto de vista conceitual. Falta direcionar essas idéias”, afirmou. Já segundo Aloísio Andrade, presidente do Conselho Estadual Antidrogas de Minas Gerais, “a universidade tem que rediscutir o seu papel e não aceitar a cumplicidade”.
Também presente ao encontro, o ex-governador do Espírito Santo, ex-prefeito de Vitória e representante da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) no Conselho Estadual Antidrogas daquele estado, Vitor Buaiz, afirmou que o simpósio era um espaço propício para conhecer e informar-se sobre projetos empregados em outras universidades. “É importante avaliar as iniciativas e experiências que deram certo”, ressaltou. Para o coordenador geral de Tratamento da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), Rogério Shigueo Morihisa, “os caminhos propostos iam ao encontro do que apregoa a Secretaria, como a prevenção, tratamento, inserção social e redução de danos”.
Palestras - O coordenador da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Ronaldo Laranjeira, apresentou a palestra “Políticas de Controle Social para o Álcool”. De acordo com ele, o baixo preço do produto, a propaganda maciça e a falta de controle dos pontos de vendas de bebidas alcoólicas são os grandes responsáveis por disseminar a “cultura do álcool”. “Para se ter uma idéia, são quase 1 milhão de postos de vendas de bebidas espalhados no Brasil, sem o mínimo controle”, afirmou.
Para Laranjeira, um dos pilares para a mudança seria a proibição de propaganda de álcool. Ainda, segundo ele, cabe aos municípios participarem desse processo. “Regulamentar e fiscalizar os bares. O entorno das faculdades está rodeado por bares. A criação de licenças de vendas de bebidas é outra alternativa”.
Ele destacou o caso de Diadema, município paulista que aprovou uma lei em 2002, que fechava os bares após às 23h. “O resultado foi visível. Os homicídios foram reduzidos em 46%. As agressões às mulheres diminuíram em 25%”, informou. Para finalizar, ele mencionou que o custo social com o álcool no Brasil é o dobro que nos Estados Unidos. “Quando informei quando custa uma garrafa de pinga aqui, os colegas estrangeiros não acreditaram, salientou.
Congresso – De acordo com Ana Cecília Petta Marques, o simpósio foi muito importante por ser preparatório para o XVII Congresso da Abead, que acontece no final de agosto, em Ouro Preto. Segundo ela, o encontro ocorreu na Copasa pelo fato de a empresa já contar com um programa consolidado nessa área. Trata-se do Programa de Prevenção e Atendimento do Sujeito em Relação ao Álcool e Drogas (Pasa), com 15 anos de atuação e que já atendeu mais de 1.000 pessoas, entre empregados da empresa e familiares.
Para Cláudia Oliveira, uma das coordenadoras do Pasa, a realização desse simpósio mostra a preocupação da Copasa em ser uma empresa cidadã e referência na prevenção e tratamento do álcool e das drogas. Ela adiantou que a companhia será co-patrocinadora do congresso da Abead. “Além de relatar o trabalho desenvolvido pelo Pasa em uma mesa-redonda, o coral da empresa e a Cia. de Teatro Água Viva vão participar do evento”, afirmou.
Parceira – O I Simpósio de Prevenção da Dependência Química em Instituições de Ensino Superior foi uma iniciativa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes de Minas Gerais (Sedese), por meio da Sub-Secretaria Antidrogas, e da Copasa, por intermédio do Pasa.