| Coletiva traz obras de 11 artistas plásticos mineiros interpretando as canções da dupla <>> A Galeria de Arte Copasa encerra 2007 com a exposição especial 40 ANOS DE TRAVESSIA, que poderá ser vista pelo público no período de 27 de novembro de 2007 a 06 de janeiro de 2008. O evento comemora quatro décadas da parceria de Milton Nascimento e Fernando Brant, iniciada em 1967 com a música “Travessia”, apresentando 11 obras inéditas criadas por alguns dos maiores artistas plásticos mineiros da atualidade, inspiradas nas canções dos dois compositores. Fátima Pena (“Beco do Mota”), Virginia de Paula (“Bola de Meia, Bola de Gude), Sara Ávila (“Canção da América”), Maria José Fonseca (“Encontros e Despedidas”), Yara Tupinambá (“Itamarandiba”), Selma Weissmann (“Maria, Maria”), Claudia Renault (“Milagre dos Peixes”), Mariza Trancoso (“Nos Bailes da Vida”), Amâncio (“Raça”), Genin (“Saudades dos Aviões da Pan Air”) e Maria Helena Andrés (“Travessia”) criaram as obras em óleo e acrílicas sobre telas, escultura em metal e técnicas mistas, utilizando papel, tecido, vidro, madeira e até alguns materiais inusitados como disco de vinil, bolas de gude, pregadores de roupa e letrinhas de macarrão. As obras apresentam dimensões variadas, que vão de 0,90x0,65m a 1,50x1,50m, e serão expostas ao lado das letras das músicas que as inspiraram. A Galeria de Arte COPASA também instalará um sistema de sonorização durante o período da exposição, que reproduzirá as melhores gravações de cada canção para que o espectador possa ficar em sintonia com os sons que estimularam as criações dos artistas. O texto de apresentação do catálogo foi escrito pelo compositor Márcio Borges, um dos mais atuantes membros do aclamado movimento musical denominado Clube da Esquina e amigo íntimo dos dois homenageados. Ao observar as obras, Márcio comenta: “Nesta hora, sinto que o músico e o pintor são uma coisa só. A música pinta um quadro que se dilui na duração. O quadro perpetua um êxtase de pura musicalidade (...)”.> O encontro no lotação - Segundo o livro “Os Sonhos Não Envelhecem – Histórias do Clube da Esquina”, escrito por Márcio Borges e lançado em 1996, Milton Nascimento (apelidado pelos amigos de Bituca) e Fernando Brant se conheceram casualmente, em Belo Horizonte, dentro de um lotação, no ano de 1965. Eles foram apresentados por amigo comum, Sérvulo Siqueira. Bituca e Fernando desceram juntos no ponto em frente ao edifício Maletta, no centro da capital mineira. Ali, sentaram-se numa mesa de um bar. Na época, Fernando era um estudante que gostava de escrever contos e poemas e Milton já atuava como cantor e compositor. Houve uma empatia inicial que logo se transformou em amizade, embalada pelo fato de serem os dois filhos de famílias grandes, com muitos irmãos e, consequentemente, vários assuntos em comum. A timidez e o gosto pelas artes também os uniram. Em 1967, fizeram a primeira composição juntos: “Travessia”. Esta canção, juntamente com “Maria Minha Fé” e “Morro Velho”, foi classificada para o Festival Internacional da Canção daquele ano, que teria sua etapa final no estádio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. Nervosos, diante de 25 mil espectadores, Milton e Brant, trajando smokings emprestados, viram a platéia se emocionar com a canção e acompanhar o refrão num grande coro: “Solto a voz nas estradas, já não quero parar, meu caminho é de pedra, como posso sonhar?...”. “Travessia” acabou ficando com o 2º lugar e Milton com o prêmio de melhor intérprete. Mas houve imediata consagração do público. Para Fernando Brant, nascia ali sua nova profissão. “Travessia” entrou para a história como uma das mais belas canções de todos os tempos. Seu nome batizou, inclusive, a rua central da Praça da Liberdade, o centro do poder político do Estado de Minas Gerais. Brant e Bituca perderam as contas de quantas músicas compuseram juntos. Além das canções selecionadas para a exposição da Galeria de Arte Copasa, podem ser destacadas “Amor Amigo”, “Aqui é o País do Futebol”, “Bicho Homem”, “Canções e Momentos”, “Coração Civil”, “Credo”, “Fruta Boa”, “Notícias do Brasil”, “O Que Foi Feito Devera”, “Ponta de Areia”, “Povo da Raça Brasil”, “Roupa Nova”, “San Vicente”, “Sentinela”, entre outras. Compuseram, também, os famosos balés para o Grupo Corpo “Maria Maria” e “Último Trem”. A exposição 40 ANOS DE TRAVESSIA tem curadoria de Thelmo Lins e montagem da Galeria de Arte Copasa. |