A Galeria de Arte Copasa recebe a exposição “Armazém que fez Escola”, com obras dos alunos da Escola Casa Aristides - atelier de artes e ofícios de Nova Lima, que oferece cursos gratuitos para a população. A mostra, com 150 obras, tem o objetivo de divulgar o trabalho social desenvolvido na região. De 24 de julho a 14 de agosto o público poderá conferir as peças desenvolvidas pelos estudantes das oficinas de aquarela; pintura em madeira, acrílica, óleo e porcelana; modelagem em cerâmica; desenhos de observação e criação; marchetaria; técnica com materiais reciclados; entre outras.
A Escola Casa Aristides é um espaço amplo, sem divisórias, com portas e janelas abertas durante todo o dia. A sua estrutura reflete o propósito para o qual ela foi criada - ser um ambiente aberto à população, destinado ao resgate da cidadania, por meio do aprendizado de artes e ofícios. De acordo com a diretora da Casa, Fabíola Maria Simões Félix, os cursos proporcionam novos horizontes, principalmente para alunos de baixa renda. “A arte mostra uma nova identidade ao estudante. Permite a ele enxergar outros caminhos para sua vida”, declara a diretora.
Na Escola, é visível como a arte é democrática e pode ser um fator de inserção social. “Na Casa, temos um presidiário em condicional que descobriu seu talento para a pintura. Aqui ele é reconhecido pelo o que faz de belo e não por quem ele foi”, conta Fabíola. A diretora ainda salienta que os cursos são uma alternativa para o tratamento de pessoas portadoras de sofrimento mental. “Temos alunos especiais e as oficinas os ajudam a descobrirem quem são e também os deixam mais calmos e atentos”.
Além do aspecto de escola cidadã, a Casa Aristides proporciona aos alunos a realização de sonhos pessoais. É o caso da aposentada Ana Maria Custódio, aluna do curso de aquarela, que resolveu realizar o sonho que a acompanha desde jovem. “Sempre gostei muito de arte, mas resolvi arriscar depois de aposentada, quando teria tempo para me dedicar integralmente. Entrei na Escola Casa Aristides e pressenti que era o lugar onde eu poderia me encontrar. E, agora, sinto-me muito honrada de mostrar meus trabalhos para além das montanhas de Nova Lima”, declara.
A exposição
De acordo com Fabíola, a exposição “Armazém que fez Escola” propõe mostrar aos visitantes a arte e a cultura da cidade, por meio do trabalho de responsabilidade social desenvolvido em Nova Lima. “Além da realização de atividades voltadas para a cidadania, a Casa Aristides busca fortalecer a identidade cultural do município, que é rica em peculiaridades e ainda pouco conhecida”, explica.
Para a mostra, foram selecionadas cerca de 150 obras de alunos das 15 oficinas - em média, 10 peças por curso. De acordo com a curadora e professora de pintura da Casa Aristides, Maria José Fonseca, a característica mais marcante da exposição é a heterogeneidade de estilos. “Essa multiplicidade pode ser explicada pelo público da Escola, que atende todas as idades e classes sociais”, ressalta. Outro ponto importante para a qualidade dos trabalhos são os professores formados, em sua maioria, na Escola Guignard ou na Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Eles proporcionam um olhar mais estético para o artesanato produzido pelos alunos”, observa a curadora.
Entre as peças escolhidas para a mostra, uma das que saltam aos olhos do público é o painel feito com embalagens Tetra Pak, da artista Adriana Costa. Para a produção da obra, as embalagens foram cortadas em tiras finas, transformadas em fios e, depois, tecidas com técnicas de crochê. Outro trabalho que chama atenção são os abajures de tubo PVC (usados na construção civil) criados pela artista Cláudia Datto. “A preocupação em reutilizar materiais é um traço muito forte em nossos alunos, que sempre apresentam soluções criativas para o que antes era lixo”, pontua Maria José.
Histórico
Construída no século XIX, a “Casa Aristides” era um armazém que vendia mantimentos para os empregados de minas da região. Até a década de 60, funcionou como armazém e, depois, foi fechada, tornando-se depósito da Prefeitura de Nova Lima. Em 1997, foi reaberta para abrigar o atelier de artes e ofícios, fundado com o objetivo de transformar materiais reciclados em peças artísticas e de promover a inclusão social por meio da arte.