Período da exposição: 12/11/09 a 20/12/09
<>>Belo Horizonte, outubro de 2009 – Louis Vuitton, Chanel, Ferrari, Rolex, Cartier. Marcas de grife representadas em forma de pamonha, aquele tradicional quitute feito de milho verde, encontrado nos quatro cantos do Brasil e conhecido por toda a população. Assim será a próxima exposição da Galeria de Arte Copasa, Pamonha, Pamonha, Pamonha, realizada no período de 12 de novembro a 20 de dezembro. Desenvolvida pelo artista plástico e publicitário Lamounier Lucas, a mostra tem a intenção de explorar o fascínio que as grifes de luxo exercem sobre as pessoas, assim como questionar o apego a certos objetos simbólicos que definem o status social.>
Ao todo, 27 pamonhas, a grande maioria feita em cerâmica de alta temperatura, estarão expostas na galeria, divididas em sete categorias: vestuário, automóvel, tabacaria, cosméticos, acessórios de viagem, relojoaria e joalheria. O trabalho produzido pelo artista chama atenção pela riqueza dos detalhes, tudo pensado minuciosamente. Botões, emblemas, tecidos, embalagens, suportes e etiquetas foram seguidos à risca. Lamounier conta que o desafio foi grande. “Fui até as lojas ver como são os materiais e tentar adquirir algumas peças. Quando não era possível, eu mesmo produzia todos os itens. Foram feitas serigrafias de etiquetas; banhos metálicos, de ouro, prata e níquel; incrustações de pedras e cristais; e revestimentos em tecidos. Também adquiri réplicas das bolsas Louis Vuitton e Victor Hugo, as quais desmanchei para reconstruí-las em forma de pamonha”, explica. Para produzir todas as peças, o artista levou um ano, tempo que compreendeu também uma exaustiva pesquisa sobre o mercado de luxo. E compensa conferir o resultado. Durante um mês, o público poderá conferir objetos inspirados no estilo clássico da Chanel, no espartilho feito por Jean Paul Gaultier para a cantora Madonna, no new look do pós-guerra criado pela maison Dior, no design arrojado dos automóveis Ferrari, BMW e Mercedez e no luxo das embalagens de cosméticos e artigos de relojoaria e joalheria, dentre outros.
Pesquisas de moda
Para desenvolver as peças, o artista fez um amplo estudo. Inicialmente, realizou uma análise junto ao Comitê Colbert, que enumera os 35 setores da economia associados ao consumo de luxo. Em seguida, selecionou as marcas e desenvolveu uma pesquisa histórica e iconográfica de cada uma delas. Por fim, veio a materialização dos objetos. “Para fazer um contraponto aos produtos inacessíveis, escolhi um objeto que representasse itens de baixo custo, consumido por uma parcela da população que não tem acesso aos bens de luxo. Além disso, a pamonha me traz memória afetiva, pois lembra minha infância, quando minha mãe fazia 300 de uma só vez”, comenta.
Criatividade nata
Lamounier conta que o tema da exposição Pamonha, Pamonha, Pamonha surgiu a partir de sua dissertação para o mestrado, denominada O bom gosto salvará o mundo, quando estudou o consumo de elite e o valor das obras de arte. Aí entra a relação com as galerias, um espaço considerado por muitos como inacessível por acharem que se trata de um local pago e também pelo fato de a grande maioria das obras trazer uma linguagem hermética e inacessível ao grande público.
Daí veio a ideia de levar itens de luxo para as ruas, onde todos poderiam apreciá-los por meio de duas intervenções. Na primeira delas, criou uma linha de produtos incluindo caviar, champanhe e suplementos alimentares para atletas e distribuiu anúncios publicitários em painéis de bancas de revista pela cidade, explorando o valor econômico dos produtos e a distância de seu valor religioso. Já na segunda intervenção artística urbana, contratou um carro antigo equipado com megafone, para vender itens de luxo como petit gâteau, prosecco e profiterolis, pela zona sul de BH. Foi daí que surgiu a exposição, que será apresentada pela primeira vez em uma galeria de arte. “Não sou contrário ao consumo de luxo. Acho que faz parte da sociedade que vivemos. Mas critico as pessoas que só dão valor a isso”, explica.
O artista
Lamounier Lucas é graduado em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Minas Gerais, Escola Guignard (UEMG), e em Comunicação Social, habilitação Publicidade e Propaganda, pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH/UFMG). Além disso, é mestre em Artes pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Newton Paiva. Docente do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Newton Paiva e da Faculdade Estácio de Sá e do curso de Artes Plásticas da UEMG.
Além das intervenções artísticas urbanas, participou da exposição individual Indústria Brasileira, no museu Casa dos Contos de Ouro Preto; e das coletivas 100 Monalisas com Monalisa, também no Casa dos Contos de Ouro Preto, e mostras nas galerias de arte da Escola Guignard e da Faculdade Estácio de Sá.
MAIS INFORMAÇÕES: galeriadearte@copasa.com.br