Jornalistas, cinegrafistas, fotógrafos e representantes de órgãos ambientais da capital mineira conheceram na última quinta-feira, 12, os processos de tratamento dos efluentes, realizados pela Copasa nas Estações de Tratamento de Esgotos (ETEs).
Os investimentos realizados pelo governo estadual para despoluir o rio em seu trecho metropolitano são de R$ 1,3 bilhão, aplicados, em sua maioria, em obras executadas pela Copasa, que incluem construção de ETEs, redes coletoras, interceptores e incremento do Programa Caça-Esgotos. O saneamento ambiental das sub-bacias do Arrudas e do Onça foi o primeiro foco das ações, conforme definição do Plano Diretor dos Recursos Hídricos Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas. A próxima sub-bacia a sofrer intervenções será a do Ribeirão da Mata, que percorre 10 municípios até desaguar no Velhas.
As obras já executadas refletiram na melhoria da qualidade das águas, como comprova estudo realizado pela ONG Projeto Manuelzão, que mostra a ocorrência de peixes em trechos do Velhas, onde eles haviam desaparecido. O tratamento dos esgotos dos municípios de Contagem e Belo Horizonte deram um salto nos últimos seis anos, com a implantação da ETE Arrudas em 2003 e da ETE Onça em 2006.
“A ETE Arrudas tem um grau de automação bastante elevado que permite identificar qualquer paralisação de equipamento no processo de tratamento. Os resultados de melhoria da qualidade das águas que vem ocorrendo é fruto, principalmente, do incremento do volume do esgoto tratado pela Copasa por intermédio de várias ações como: implantação de novas ETEs e incremento do Programa Caça-Esgoto”, destacou o superintendente da Copasa, Ronaldo Matias.
De 1999 a 2008 o volume de esgoto tratado pelas ETEs da Copasa, na RMBH, passou de menos de 5 milhões de metros cúbicos/ano para 84 milhões de metros cúbicos por ano. O percentual de volume de esgoto tratado, neste período saltou de 1,34% para 55,82%.
Para Ronaldo Matias dois momentos merecem ser registrados nessa evolução: o primeiro em 2002 com a conclusão da ETE Arrudas e a eliminação de 345 lançamentos de esgoto in natura, o que equivale 42 milhões de metros cúbicos/ ano ou 28,29% de esgoto tratado; e em 2007, com a conclusão das ETEs Onça e Jardim Canadá e eliminação de 207 lançamentos de esgoto o percentual alcançado foi de 55,82%. Até o final de 2009, as projeções da Copasa indicam que 68% do volume de esgoto na bacia será tratado. Em 2010 este índice sobe para 84%.
O funcionamento do tratamento secundário dos esgotos na ETE Onça, previsto para começar a operar ainda em 2009, vai contribuir ainda mais para a revitalização do Rio das Velhas e transformar Belo Horizonte em uma das poucas cidades brasileiras a ter 100% de seu esgoto tratado. Atualmente a RMBH possui 20 ETEs em operação e outras 16 planejadas.
Presente no encontro o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, José Carlos Carvalho, disse que os próximos passos do Governo de Minas serão articulações com os setores agropecuário e industrial, visando buscar a adesão das prefeituras da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para ele, também é necessário intensificar as ações de comunicação para ampliar a mobilização social.
O secretário enfatizou que a gestão do meio ambiente não se esgota na esfera governamental. “Se a sociedade não participar, o êxito do projeto não será o desejado”, afirmou José Carlos Carvalho. As atividades agrícolas e industriais, quando realizadas sem critério técnico, são responsáveis pela poluição difusa. “É o agrotóxico carreado para os cursos d’água e o óleo descartado pelas oficinas mecânicas”, exemplificou o secretário. “Uma poluição que poucos vêem”, completou.
Já o ambientalista e coordenador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer Lisboa, elogiou o trabalho da Copasa e reforçou a importância da adesão de produtores rurais e dos empreendimentos industriais, localizados na bacia, aos esforços de revitalização do rio das Velhas.