Para desarticular uma organização criminosa envolvida em ligações clandestinas de água no município de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), em conjunto com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), desencadeou, nesta quinta-feira (18), a operação Bypass. Com 30 policiais civis e 18 técnicos da Copasa, a ação cumpriu nove mandados de busca e apreensão em nove endereços diferentes.
De acordo com a Polícia Civil, até o momento, são investigados um ex-empregado e dois terceirizados da Copasa. Durante a ação policial seis pessoas foram conduzidas à delegacia para prestarem esclarecimentos. Eles podem responder pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, furto e receptação de água.
O delegado responsável, Guilherme Saback, da 4ª Delegacia de Polícia em Contagem, explicou que as investigações tiveram início por solicitação da Copasa, que recebeu denúncias da população. “Descobrimos que um funcionário da Companhia estaria repassando informações privilegiadas para outros indivíduos, que, por sua vez, iam até residências que necessitavam de ligação ou religação de água e vendiam seus serviços, cometendo as fraudes”, revela.
Esquema
A PCMG apurou que, mediante as informações de demandas por ligação de água, os investigados iam até os imóveis, muitas vezes atrasando os processos legítimos, e ofereciam formas de ligação clandestina aos titulares. “Batizamos a operação com o nome Bypass, inclusive, por ser um dos métodos que eles utilizavam, que consiste em realizar ligações externas nas casas, sem uso de hidrômetro, evitando, assim, computação pela Copasa e cobrança de valores”, explica Saback.
O grupo criminoso utilizava de um veículo clonado com a identidade visual da Copasa e cones de interdição para dar legitimidade nas operações irregulares. A operação foi deflagrada às 6 horas da manhã.
O primeiro mandado cumprido foi na casa do ex-empregado da Companhia. O endereço tem cinco residências e, em uma delas, funcionava um lava-jato. Todos os hidrómetros estavam adulterados e havia uma ligação By-pass. O proprietário do lava-jato irregular foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos. Já o ex-funcionário estava viajando.
Condomínio de irregularidades
No segundo endereço, no bairro Chácara Colonial, a PCMG descobriu que era um condomínio. Uma ligação fraudada atendia 40 casas. O delegado Guilherme Saback explicou que como houve anuência dos titulares das contas, serão investigados também os crimes de receptação de água e até de furto, dependendo da modalidade da fraude”. Ele contou que a Polícia Civil analisará os relatórios técnicos produzidos pelos funcionários da Copasa que integraram a operação para reforçar o inquérito policial.
O diretor Técnico da Copasa, Ricardo Simões, ressaltou a importância do trabalho conjunto com a Polícia Civil. Graças aos mecanismos de controle interno da empresa contra ações fraudulentas, as denúncias da população e a parceria com a PCMG “conseguimos descobrir esquema de fraudes que não traz apenas prejuízos financeiros para a Companhia. Essas ações impedem que nossos clientes recebam um serviço adequado e representam até risco para a saúde pública, uma vez que pode contaminar a água que é distribuída à população”, ressalta.
Ricardo Simões ressaltou que a empresa vai continua investindo no combate aos furtos de água e que ações como a de hoje serão continuamente realizadas. Ele também explicou que as operações estão acontecendo em regiões nas quais há suspeitas de fraudes e a população tem renda para pegar pelo serviço.
Segundo Ricardo Simões, pessoas carentes podem e devem utilizar o benefício da Tarifa Social oferecida pela Copasa. Para ter direito, o interessado precisa estar cadastrado no CadÚnico do Governo Federal e solicitar o benefício pelo site www.copasa.com.br.