 | <>>Belo Horizonte, 19 de março de 2009 – Cenários fotográficos, onde objetos raros, preciosos e delicados protagonizam a cena. Esse é o mote da exposição Objeto Amado: Vanitas, da artista plástica Ângela Vidigal, que entra em cartaz dia 26 de março, na Galeria de Arte da Copasa. Após dois anos pesquisando antiquários e fotografando porcelanas antigas com representações da figura humana, Ângela percebeu que, ao conjugar luz, ambiente e objetos provocava um jogo ilusionista. “Ao fotografar percebi que a disposição das imagens construía cenas que configuravam uma narrativa. Nas fotos as porcelanas ganhavam ‘vida’ e passavam a evocar questões como o tempo, angústia, medo, relações humanas e outros sentimentos, dentro de um universo singular, que provocava uma estranheza ao mesmo tempo sedutora”, explica a artista. > A exposição apresenta nove séries: A Intriga, Sedução, O balanço, Vaidade, Carta de amor, Traição, Confissões de amor, Sala de jantar e A lembrança. De acordo com Ângela, alguns títulos são reverências ao pintor Jean-Honoré Fragonard, “o mais rococó da Escola Francesa”. As cenas demonstram a transitoriedade da vida, perceptível em pequenos detalhes trabalhados pela artista. “As séries, da mesma forma que celebram a vida revelada pelos seus protagonistas, detêm um elemento constante: o tempo. A sucessão dos anos é responsável por transformar a tudo e todos: o corpo humano muda, os relacionamentos amorosos terminam ou se modificam, as frutas amadurecem e apodrecem, os objetos quebram ou apresentam ranhuras. É exatamente isso o que quero mostrar: na vida tudo é passageiro, é movimento. A sua transitoriedade sempre nos guarda surpresas”, explica a artista. Paisagens são preparadas especialmente para cada porcelana. Ângela utiliza papéis, tecidos preciosos, ta��as de vinho etc. Algumas fotos foram feitas com luz natural, nos jardins da Praça Marília de Dirceu, em Belo Horizonte. Ângela completa que, apesar de a disposição das imagens determinar uma narrativa, as fotografias estimulam nos visitantes olhares particulares, possibilitando diversas releituras. “Gosto de instigar a interação do espectador com a obra”, diz a artista, adiantando que será apresentado um quadro imantado com três séries de fotos, para que o público mude imagens de lugar, criando novos começo e fim. “Este é um aspecto contemporâneo da arte, que já apresentei em outras mostras, como na Bienal de São Paulo.” Em busca do objeto amado O fato de ter nascido na histórica cidade de Mariana, onde o antigo está presente em cada esquina, despertou em Ângela o interesse por antiquários, móveis, enfeites e objetos do passado. A fotografia tornou-se, assim, uma forma de guardar para sempre a lembrança biográfica. “Quando percebi que, dependendo da luz e da posição da fotografia, as porcelanas pareciam reais, comecei uma longa viagem atrás das peças para criar cenários e fotografar”, conta Ângela. Sobre a artista Ângela Vidigal cursou a Escola de Belas Artes (UFMG), formando-se em Desenho no ano de 1969. De 2003 a 2008 a artista participou de diversas exposições coletivas na Escola de Belas Artes da UFMG e Universidade Estácio de Sá. Entre 2005 e 2008, realizou mostras individuais: Traços da Vida, Linha do Rio, na Biblioteca Estadual Luiz de Bessa; Nada como Peixe Voa, no Shopping Jardim; e Pinturas e Aquarelas, no projeto Tudoaver, do Centro Cultural de Contagem e Galeria de Arte do Retiro do Chalé. |